sexta-feira, 1 de junho de 2012

Entremeio


Existe você entre os fios dos meus cabelos,
É tempo sem fim.
A tua pele ocupa o espaço em branco da vida.

Tuas mãos cruéis não tiveram infância
E me acariciam,
Sinto paz.
A caligrafia dos teus dedos acompanha a estampa do vestido
Enquanto teu sorriso me aprisiona,
O instante existe,
Minha natureza não permite fugas,
Foi com coragem que segurei tua mão.
_Não me acompanhas?
Era tua voz longeva a cantar futuros.

Fizemos as malas,
 A cama e o momento.
Mas a queda eu não previ.
Meu sorriso ainda existe na transitoriedade do espelho,
Mas meus olhos são mortiços.

É sem fim o tempo,
A vida não passa nunca,
A estrada perdida entre meu peito e tua voz não faz eco nos teus ouvidos distantes.

É de agua a paz que me resta,
(H)afundo. (?)

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Considerações III

 Não sei ser livre desta forma que apregoam,
 Minha liberdade é a do sentimento;
 Me prendo a quem eu quero.
 Não tenho fantasias com solidão,
 Nasci em um mundo cheio de gente
 E não admito que meu coração seja vazio.
 Tenho alma de portas abertas,
 Quem entrar sorrindo
 Recebe um café.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Violão perdido em noite morta.
















O bolso cheio de confetes,
Uma manhã cinza se anuncia
Entre carros tristes de acordar...
Não vou embora,
Fico aqui,
Parada,
Estátua de sal
Ressaca e sono,
Sem vontade
Sem coragem.
Quero a fantasia
De lantejoulas azuis
Pregada no corpo.
Ainda não desisti do carnaval.







domingo, 8 de abril de 2012

Silêncio e meia luz

Meu silêncio é de noite
E faz som de passarinho.
Senão não durmo.
Longe bem longe,
Pode ter um burburinho,
Mas tem que ser indecifrável
Pra não chamar minha atenção.
Silêncio tem que ter som de noite
Em casa vazia.
Senão não canso.
É imprescindível que o silêncio
Não seja escuro
É preciso meia luz
Para guiar o sono,
Senão me perco
E não volto mais
Me desprendo e viro do avesso
Transformo meu silêncio em filme mudo
Rindo surdo de tudo que não me desperta mais.

quinta-feira, 22 de março de 2012




















Onde é poesia

O cheiro do cinamomo e o molhado do ar.
Minha tia, a Lurdinha e o Fabrício,
Os pais do Paulo.
O menino do ônibus.
O mar gelado.
A cidade da infância.
A velhice do meu avô.
Minha madrinha.
O cheiro guardado das casas antigas
As ladeiras de Caxias
Os castelos de Pelotas
Minha casa eterna em São Gabriel
Nada a esquecer.
A memória do infinito recupera dados e cheiros
De certa forma
Fico aqui.


segunda-feira, 19 de março de 2012













Despedida

Esse pensar todo me cansa,
O teu fogo já não me acende
E eu perco o ritmo no meio da dança.
Sigamos separados .
Eu não sei acompanhar teu ritmo descompassado,
E não adianta,
Eu não tenho pressa,
Pra mim não será a última vez,
Sempre o que me sobra é tempo.
Ver-te assim de longe
Agora,
Sem ser meu,
Faz-me pensar que eu não sou tua também.
Eu me fantasio de gente,
E no meio do mundo,
Eu amo a semente.
Longe de ti,
Eu enfim descubro,
Que posso esperar.
A festa acaba,
Vou-me embora de mãos dadas com o sol.

sábado, 17 de março de 2012

Considerações II

Ocupo o imenso espaço de viver,
E por hoje basta,
Esse teu coração
Praça do povo
Cenário descampado onde já amparei meu cansaço,
É passagem não abrigo.
É parada,
É meio de caminho.
Nele deixo a lembrança do que fui,
E sigo.
Não quero memórias,
Teu coração é o inverno da Sibéria...